A palavra Buda deriva do termo sânscrito "buddh" e significa vigilante, acordado ou desperto. Um Buda significa então alguém que está em estado de vigilância continuada, plenamente acordado ou desperto. Um Buda não confunde jamais a sensação de ser ou a sensação de presença com o próprio corpo.
Isto quer dizer que um Buda sabe que a morte não existe, porque tem
a consciência de que seu estado desperto é indestrutível. E quando chegar a morte Ele
também estará vigilante. "Morrerá" observando todo o processo e a vigilância não morrerá.
Seu corpo desaparecerá, ao pó voltará, mas sua vigilância permanecerá.
Buda ensinou que a única maneira real de sair do sofrimento e atingir a imortalidade é tornar-se uma pessoa meditativa, ou seja, alerta, desperta, consciente. Somente a meditação sobre a nossa consciência ordinária da vigília ou personalidade pode nos conduzir à Superconsciência ou ao estado de Buda.
O budismo fala de que existem inumeráveis budas no universo, embora sua aparição no mundo seja rara. A lei do "muitos são chamados e poucos escolhidos" se aplica aqui.
Bodhisattvas
Um buda antes de se tornar buda é um bodhisattva, ou seja, um ser que está tendo a percepção do despertar, a percepção da consciência. Existem uma infinidade de seres nesta categoria. Dentre eles Maitreya: o próximo buddha, o buddha amoroso do futuro. Outros Bodhisattvas populares são: Manjusri – o Bodhisattva da Grande Sabedoria, Avalokitesvara – o Bodhisattva da Grande Compaixão, Aria Tara – A Mãe da Compaixão, o aspecto feminino de Avalokitesvara e Vajrapani - é um dos bodhisattvas que aparecem mais cedo no budismo mahayana. Ele é o protetor e guia de Gautama Buda e se levantou para simbolizar o poder do Buda.
Após tornar-se um Buda — como Siddharta Gautama tornou-se, ainda resta um último título: Shakyamuni, que significa "O Sábio dos Sakyas". Esse foi um título pelo qual passaram a chamar Siddharta Gautama após o seu pleno despertar ou iluminação há cerca de 2500 anos na Índia.
Ouvimos dizer que Buda atingiu o ápice da sabedoria e da compaixão, mas isto parece pouco ou limitado. Um Buda atinge o máximo de tudo. A tradição fala também que um buddha é quem alcançou "anuttara-samyak-sambodhi", ou seja, a Suprema, Perfeita e Completa Iluminação. Entretanto, no nível ordinário, somos levados a estabelecer e classificar os atributos budistas em quatro categorias ou estados sublimes: 1. Amor. 2. Piedade ou Compaixão. 3. Felicidade. 4. Indiferença.
Cattro Brahavihara
Tecnicamente, será ensinado aqui um método, que, na atual circunstância, é a única forma, rápida e eficiente, de praticar a meditação, promovendo uma correta interação entre mente, emoção e corpo, sem nenhum risco de efeitos colaterais indesejáveis.
Você terá a oportunidade de conhecer e começar a praticar a Meditação dos Quatro Estados Sublimes (Cattro Brahavihara), nas Seis Direções do Espaço Infinito. Pela Meditação de Amor você aprenderá a dominar todo ódio e vingança. Pela Meditação de Piedade ou Compaixão você aprenderá a dominar toda crueldade e malícia. Pela Meditação de Felicidade você aprenderá a dominar todo sentimento de inveja e de desconfiança. E pela Meditação de Indiferença, você aprenderá a isolar-se de todo o mal.
Porém, lembre-se de que é somente pela dedicação (pelo poder de Sila, ou seja, disciplina) que estes Estados Sublimes podem ser alcançados. Isto é viver de acordo com o Dharma (ou Damma).
Preparação
1. Escolha uma posição que seja confortável. No início é aconselhável isolar-se em um cômodo quieto.
2. Frente para o leste.
As 6 direções do espaço
3. Feche os olhos. Permaneça assim por alguns instantes.
4. Sinta, primeiramente, todo o seu corpo. Permaneça nesta sensação por um pouco de tempo.
5. Utilize a sua imaginação: veja um feixe de luz branca, muito branca e brilhante saindo do seu coração, do centro do seu peito, em direção à sua frente, para o lado leste do mundo. Permaneça nesta visão por alguns instantes.
Dos Seres dos Três Reinos
6. Veja este feixe de luz branca e brilhante, como um canhão de luz, enorme, poderoso e além de toda medida, traspassando todos os seres, homens, mulheres, jovens, crianças, animais, vegetais, minerais, etc. Permaneça nesta visão por alguns instantes.
7. Enquanto se esforça para manter a visão, acione a sua emoção e pronuncie mentalmente, com toda a energia e com grande solenidade, em atitude inflamada de oração:
"Não há nenhum ser deste lado do mundo ausente na minha reflexão, os quais eu saturo com os raios do meu amor".
8. Continue vendo os raios de amor saindo do seu coração em direção ao lado leste do mundo, traspassando todos os seres, homens, mulheres, jovens, crianças, animais, vegetais, minerais, etc. Permaneça nesta visão por mais alguns instantes.
Dos Amigos "Principais"
9. Agora, lembre-se dos seus "principais" amigos, das pessoas que você mais "ama" e que estão mais próximas de você no seu relacionamento atual.
10. Ao mesmo tempo em que conserva a visão do feixe de luz branca saindo do seu coração, em direção ao lado leste do mundo, com o auxílio da sua imaginação, coloque-os todos à sua frente, traspassando-os com os raios de luz branca da sua visão.
11. Enquanto se esforça para manter a visão, acione a sua emoção e pronuncie mentalmente, com toda a energia e com grande solenidade, em atitude inflamada de oração:
"Não há nenhum ser amigo deste lado do mundo ausente na minha reflexão, os quais eu saturo com os raios do meu amor".
Dos Desconhecidos
12. Esforce- se para formar uma idéia de todos os inumeráveis seres que você desconhece ou que são indiferentes a você.
13. Repita, integralmente, os itens 10 e 11.
Dos "Inimigos"
14. Lembre-se de todos aqueles que você pensa que não gostam de você, naqueles que você considera antipáticos ou que você não gosta.
15. Repita, integralmente, os itens 10 e 11, fazendo um esforço sincero de vontade, maior do que tudo que existe, para
saturar seus "inimigos" com os raios da luz branca do seu amor.
16. Agora, sem sair da sua posição, imagine os raios da luz branca do seu amor, saindo do seu coração, dirigindo-se para o seu lado direito, do lado sul.
17. Repita a mesma série de reflexões (do item 6 em diante), substituindo a palavra leste por sul.
18. Terminada a reflexão do sul, sem sair da sua posição, dirija a sua imaginação para o lado oeste, e faça o mesmo.
19. Em seguida, faça do lado norte, ou lado esquerdo.
20. Completados os quatro pontos cardeais, faça, também, para baixo (nadir) ou seja, em direção ao centro da terra.
21. E, finalmente, faça para cima (zênite), em direção ao espaço infinito.
22. Encerrada esta primeira parte da Meditação, recomece a segunda parte, sem sair da sua posição, pensando no seguinte:
Do Sofrimento
I - Pense em todos os seres sofredores, especialmente naqueles que sofrem neste momento, refletindo sobre as pessoas que estão tristes, que têm medo, solidão, enfermidade, naqueles que estão presos, arrasados ou sem perspectivas.
Da mesma forma como você dirigiu na primeira parte da Meditação os raios da luz branca do seu amor para as seis direções do espaço, faça o mesmo com os raios de luz branca de sua piedade e compaixão, de forma que possa, com auxílio de sua imaginação, inundar todos os seres com raios e pensamentos de piedade e compaixão.
Da Felicidade
II - Feito isto, pense em todos os seres felizes, da mais pequenina felicidade à mais elevada possível, na felicidade daqueles que se libertaram de todos os sofrimentos e permanecem na felicidade eterna.
Imagine-se junto deles, junto de todos os seres felizes, participando da alegria de seus corações. Imagine que você está convivendo com eles e que a felicidade aumenta cada vez mais.
Com a sua imaginação você satura, com os raios da luz branca de sua felicidade, nas seis direções do espaço infinito, todos os seres com os quais você comunga a grande alegria.
Do Mal e da Crueldade
III - E, finalmente, pense no mal e na crueldade. Reflita nas diversas coisas que tentam e desviam as pessoas da vida simples e sagrada. A cada pensamento torne-se completamente indiferente ao seu conteúdo, considerando que todo o mal e toda crueldade existente nas pessoas e no mundo é decorrente da ignorância e que ignorância significa falta de entendimento. Pense e considere que os maus atos são o resultado da errônea canalização da energia e dos poderes. Pense e considere que não é o seu dever julgar nem condenar ninguém, apenas ser indiferente.
Lance, nas seis direções do Espaço Infinito, enquanto executa a reflexão, os raios da luz branca da sua indiferença.
Da Despedida
Encerrada a sua Meditação, procure conservar na memória as sensações físicas, os sentimentos e os pensamentos dela. Isto será de grande valor para você continuar praticando até o Início da Nova Vida!
REFERÊNCIAS:
The Training of The Mind, The Equinox, Ananda Metteya, 1911.
Meditação, Enciclopédia Popular, Valle Editora, 2002.